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Entrevista com Dr. Jesus Lopes Viegas

Presidente da Associação Médica de Cascavel

Dr. José de Jesus Lopes Viegas ou como é conhecido, Dr. Jesus, chegou em Cascavel no final da década de 70 e estabeleceu residência fixa por aqui. 

Dr. Jesus, além da medicina assumiu diversos cargos públicos, entre eles podemos citar: vereador, presidente da câmara dos vereadores, secretário de saúde do município e atualmente como presidente da Associação Médica de Cascavel. Casado a mais de 50 anos com Sônia Viegas, a qual partiu para morada eterna em outubro deste ano. Pai de três filhos e avô. Dr. Jesus é um homem a frente do seu tempo, sempre com o olhar para o alto acreditando e confiando na boa nova.

Foto: Cesar Pilatti / Agência Berit Press.

Revista Afeto – Poderia fazer um balanço desses dois anos à frente da presidência da Associação Médica de Cascavel – AMC?

Dr. Jesus – Em termos de trabalhos poderíamos dizer que houve muita atividade mental, intelectual, porém trabalho físico, material houve muito pouco afinal tivemos um período de afastamento, um período de isolamento embora não fosse o nosso desejo, mas muitos colegas ficaram com medo de uma aproximação, portanto o que ocorreu? Eu mesmo continuei trabalhando, mas tive que assinar um termo de compromisso onde me responsabilizei com qualquer problema de saúde que eu adquirisse naquele período, isso ocorreu no Hospital Universitário pois eles acharam que eu não deveria trabalhar. Por outro lado, continuamos nos encontrando na Associação Médica, fazíamos reuniões entre nós, mas em termos coletivos, trazer o pessoal para um abraço, isso não foi possível. No ano seguinte a pandemia se prorrogou por mais um ano e o tão sonhado dia do abraço que eu gostaria de realizar não se concretizou, não tivemos oportunidade de fazê-lo. Mesmo assim, tentamos aumentar o número de sócios, tentamos fazer as reuniões normativas de forma presencial, enfim algo que pudesse trazer algum crescimento para entidade. 

Realizamos com o auxílio da Unicred e outros apoiadores a palestra “Inovação em Saúde – O futuro da medicina”, com Arthur Igreja, no Centro de Convenções Emir Sfair, foi o ato comemorativo referente ao dia do médico, isso em 2021. Um momento mágico onde as pessoas começaram a se encontrar depois de um longo período de distanciamento social, pois no ano anterior por conta da pandemia não foi possível comemorarmos. 

Este ano, porém , tivemos a oportunidade de fazer o tão conhecido jantar do dia do médico, com bons músicos e uma participação boa dos colegas médicos, enfim, reavivada a frequência dos médicos na entidade. Também tivemos uma mudança no setor esportivo, estamos buscando fazer uma associação que congregue o maior número de associados possível. Outro ponto foi uma urbanização paisagística conseguida através da Uniprime, algumas plantas ainda precisam ser repostas mas muitas já estão florescendo e realmente isso traz um aspecto mais atraente do que estava antes.

RA –  A que o senhor atribui o desinteresse generalizado que passam as associações por todo o mundo? 

Dr. Jesus – Olha, o que nós vemos, ou que eu percebo, é que há um isolamento, o próprio ser humano está ficando solitário, ficando mais sozinho, está deixando de compartilhar a própria alegria que ele tem, o sofrimento ele se isola e por conta disso o que vemos? O aumento de pessoas depressivas, consumo exacerbado de produtos que produz endorfina que produz hormônios que deem mais alegrias, isso poderia acontecer de forma natural se tivéssemos mais contato físico, se tivéssemos mais encontros, a roda de cafezinho, a roda da cerveja mas isso não está ocorrendo, o envolvimento social diminuiu. Muitos alegam, “há eu tenho no meu prédio, academia, espaço gourmet, campo de futebol, piscina”, e com isso a pessoa não quer mais sair para o convívio social. Há um certo comodismo. No entanto acredito que isso acaba sendo prejudicial pois o homem é um ser social. Eu amo estar junto com pessoas, conviver com gente, mesmo que seja na rua, aos domingos frequento a feira do teatro, eu gosto de ir encontrar pessoas, até mesmo um simples caminhar na rua e observar pessoas, aí você está conversando, trocando ideias. O grupo espírita que frequento, eu gosto de bater papo, de conversar, enfim a presença física.  Houve um tempo nos hospitais em que tínhamos reuniões apenas para bater papo, nos encontrávamos informalmente, aos sábados tinha o bate papo na sala dos médicos, isso não se faz mais, lamentavelmente. 

RA – Qual a principal função de uma agremiação médica?

Dr. Jesus – É tornar forte o associativismo , trazer de novo a necessidade das pessoas se encontrarem para trocarem ideias e muitas vezes discutirem os seus problemas. Inclusive eu mesmo vi na revista da Associação Médica Paranaense onde eles se encontram e discutem o poder aquisitivo do médico, o salário do médico, e como isso pode ser melhorado. Isto mostra a necessidade do encontro para discutir os problemas pertinentes à classe. Afinal, a função de uma entidade é tornar forte e sair em defesa da classe a que ela pertence. O lugar por excelência para compartilhar boas ideias. 

RA – Quais são os planos para o ano que vem?

Dr. Jesus – Os planos para no ano que vem são: a revitalização da parte esportiva, trazer mais associados pois isso é fundamental para a sobrevivência da entidade, realizar mais encontros, buscar movimentação, poder ver o colega médico, também está em pauta um encontro entre advogados e médicos para discutir os problemas da classe médica buscando alicerçar um futuro para defesa da classe. Enfim, esperamos um ano mais participativo, um ano com mais encontros.

Dr. Jesus com seu vice Cristiano Mroginski

Para o presidente, seu vice é considerado um jovem talentoso e de boa vontade com perspectiva de crescimento dentro da própria AMC, muito embora seja um médico com as obrigações inerentes às atividades de um intensivista que por vezes o impede de ser mais participativo como gostaria. Costumo dizer para ele, sorrindo, “você é a bola da vez” . Eu acredito que existem muitas pessoas capacitadas e é importante a renovação em qualquer atividade de classe. 

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